De socas nos pés

…Ou a diferença entre um estado com providência social (Holanda) e outro com um provincianismo social (Portugal).

Decidimos, quase ao fim de 10 meses de viver na mesma casa, ligar para uma associação que avalia o preço dos apartamentos alugados. Uma associação que de forma gratuita se desloca a casa das pessoas e avalia o apartamento em vários factores para lhe atribuir o preço justo de arrendamento.

Ontem fui um senhor que avaliou a casa no bairro do Westerpark em menos 450 euros mensais do que aquilo que pagamos. Se a acção tem sido feita há mais tempo (num prazo de 6 meses após a assinatura do contrato) o senhorio, ou a empresa que gere o apartamento, era obrigada a devolver o excedente pago até então e, a partir desse momento, iria pagar-se única e exclusivamente o preço certo.

Pena que as coisas não deram certo. Teríamos poupado uma bela pipa de massa!

Mas este exemplo serve para mostrar como as coisas funcionam por aqui (apesar das mudanças que o governo de centro-direita está a fazer). E poderá tirar-se dois pensamentos desta situação:

- pensamento economicista: cada um tem direito a fazer o dinheiro que quiser com os seus bens. Desde que existam interessados a pagar por isso, ninguém é obrigado a fazê-lo. Por isso, se se aceitam pagar mais do que o preço devido, problema de quem paga.

-pensamento social: ninguém deve pagar mais do que o valor real das coisas. Existem outras formas de aplicar o dinheiro. Existe sempre uma baliza de onde o lucro poderá existir, e até onde o preço das coisas poderão ir, mas nunca para se ter lucro explorando o próximo.

É este último que (acho) ainda prevalece na Holanda – desde que as pessoas sejam informadas e se mexam. E em Portugal, qual acham que é o modelo seguido?

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