De socas nos pés

Dos Países Baixos para o mundo...

Tertúlias no Marquês

Uma boa notícia (publicada hoje no Diário de Notícias) para animar as noites culturais alfacinhas, sobretudo no local que é.

Não custa nada ir pelo menos uma vez….

Antídoto contra "um dia-a-dia muito banal" É uma das mais movimentadas zonas de Lisboa, durante o dia; à noite, o Marquês de Pombal torna-se quase um deserto urbano. Organizar, aqui, uma comunidade de leitores com encontros nocturnos, como a da Livraria Buchholz (ver caixa), parece ideia destinada ao fracasso? Pois poderá parecer, mas revelou-se um enorme sucesso.

É ver para crer. Uma noite, saindo do DN com passagem pela Buch- holz, descobríamos tal comunidade, animada por Conceição Caleiro: ex--técnica do Instituto do Livro e das Bibliotecas (IPLB) que, nesta qualidade, importou a ideia e a implantou, do terreno convencional das bibliotecas municipais ao da Culturgest/ /Lisboa, cujas sessões vão recomeçar (ver caixa na página seguinte).

Voltando àquela noite na Livraria Alemã. A actividade comercial cessava, iam apagar-se as luzes (o encerramento é às 21.00), mas subiam rumores da cave (secção musical), feita auditório com as dezenas de cadeiras ocupadas. A sessão começava. Das escadas, ouvia-se definir protocolos de leitura, Gonçalo M. Tavares não pudera comparecer ao encontro sobre o seu romance Jerusalém (associado a Kafka), o programa era reajustado. O nosso era outro mas voltaríamos, a tentar saber quem compunha a comunidade e o que movia os seus membros a trocarem, se não o pequeno ecrã, ao menos o sofá, pela partilha de leituras; para mais, em noites de Inverno.

De carro, de metro, de mota

Fizeram a leitura combinada para a quinzena. Chegam de carro, de metro, de mota... Há participações muito empenhadas: "Venho sempre. Até doente... só se não puder mesmo", dir-nos-ia, noutra noite, uma gestora de empresa, 43 anos, decidida a "disciplinar as leituras". Outros motivos seriam avançados adi- ante, não menos legítimos, ainda quando não tão veementes.

Às livrarias vai-se, com pressa ou vagar, para buscas profissionais/escolares rápidas ou para a gente se demorar nas novidades, talvez fazer descobertas... em trânsitos quase sempre solitários e rematados por compras. São também lugares onde, às vezes, ocorrem lançamentos de livros, rituais com previsibilidade mais ou menos garantida e pendor mundano, amiúde no pior sentido.

Acontece ser-lhes oposto o ambiente das actuais comunidades de leitores em livrarias de Lisboa (também a Almedina/Saldanha - ver caixa e página seguinte). Prevalece a descontracção - que as dinamizadoras, aliás, fomentam -, a abertura à circulação do desejo de pôr leituras em comum, aprofundá-las, discipliná- -las, reorientá-las quando livros técnicos roubaram demasiado lugar aos outros. Nas pausas da leitura de excertos, exprimem-se dúvidas, perplexidades e emoções, confrontam--se opiniões. Conceição Caleiro sublinha-nos que "a livraria é um espaço aberto, A puxa B que puxa C, a inscrição é gratuita, é possível assistir, participar sem estar inscrito e ficar".

Balanço "supergratificante"

Voltámos duas vezes. Numa sessão, tratava-se do Livro do Desassossego de Bernardo Soares e dos heterónimos pessoanos; noutra, de contos de Guimarães Rosa (com muitas fotocópias, por faltarem edições do escritor brasileiro). A frequência situava-se na ordem das três dezenas de participantes, nem todos os mesmos da sessão anterior, entre 65 inscritos: 45 mulheres e 20 homens, estudantes e reformados/as, de profissão liberal (científica, técnica, outra) ou do ensino, gestão, artes plásticas, informação, publicidade e tradução.

Recusando embora identificar- -se (pelo que generalizámos o padrão), além de "pessoa que gosta de ler em toda a acepção da palavra", uma participante defende que, "se uma pessoa gosta de ler, gosta de participar em coisas deste género". Uma outra, 55 anos, tradutora, brasileira, é motivada pela "possibilidade de um discurso a um nível mais elevado", espécie de antídoto contra "o dia-a-dia muito banal".

Conceição Caleiro considera que as pessoas, "por um lado, têm sede de saber mais qualquer coisa e, por outro lado, de estar em conjunto, fazer comunidade, unir-se em torno de alguma coisa que não seja a televisão". Conta que "foi ficando um grupo mais ou menos fixo, à volta de 4o fiéis", na série de sessões em curso desde 5 de Janeiro, das quais faz um balanço "supergratificante", sobretudo pelo interesse com que "as pessoas têm lido".

Mas a animadora desta comunidade ressalva que, finda hoje esta primeira série, "a segunda não está garantida. Depende do apoio do IPLB", dada a situação crítica da livraria. Se a solicitação "tiver rápida resposta positiva, uma nova série pode decorrer até às férias de Verão".
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sexta-feira, 31 março, 2006

Nem sabia que isto existia...eu que sou eu acho que vou experimentar !    

Posted by Blogger Pedro Sá

sexta-feira, 31 março, 2006

Força Sá, depois conta como foi (no teu novo blog)    

Posted by Blogger Filipe Gil

sexta-feira, 31 março, 2006

Já sei que na Almedina são na primeira e última quarta-feira de cada mês, às 19 horas.

Aguardo informações da Buchholz.    

Posted by Blogger Pedro Sá

terça-feira, 04 abril, 2006

12 de Abril, 21 horas, sobre "Em Busca do Tempo Perdido", de Marcel Proust.

Na Buchholz.    

Posted by Blogger Pedro Sá

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