De socas nos pés

Hoje apetecia-me sair da casa na Avenida de Paris e ir tomar um café à Mexicana – onde certamente, desde que Cavaco ganhou as eleições anda tudo um pouco mais Alegre. Comprava o Público e o Diário de Notícias (é o que dá ter dois dos melhores amigos a trabalhar cada um para o seu meio). E, depois de pedir um Pastel de Nata, iria ler os periódicos de fio a pavio. Mais tarde, com sol na cara, porque não imagino Lisboa de outra forma, iria até à Livraria Barata. E mesmo já servido de jornais, iria entrar sem antes me esquecer de dizer Bom Dia ao rapaz amarelo que vende as revista da Cais.

Talvez passasse ainda pela Bertrand, apesar de sempre ter detestado aquela loja. Cheira a mofo, tal como a maioria dos empregados que, raro era o dia que trazem um sorriso de casa.

Poucos minutos depois seguiria para o King onde iria ver um filme que previamente tinha seleccionado. Um filme francês, já que aqui na Holanda são raros. Antes entraria na livraria para me deliciar com as capas dos livros da Assírio & Alvim.

Após o filme, e de retirar uma série de postais que costumam estar naquela bancada por debaixo das escadas, - postais esses que ficariam perdidos algures em casa acabando uma ou duas semanas depois no caixote da reciclagem do papel - , iria apanhar o Metro para ir até ao Chiado.

Do Chiado ao Bairro Alto com vista para o espaço mais europeu e urbano de Portugal. Iria direitinho para a esplanada do café Noobai, ali mesmo no Adamastor, casa dos freaks e okupas da cidade. Pediria um chá ou outro café, e sacava de um livro.

Passadas poucas páginas depois, pegaria no meu caderno preto e começaria a escrever sobre como seria bom estar naquele dia em Amesterdão…

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