De socas nos pés

Dos Países Baixos para o mundo...

O meu 25 de Abril




Hoje é dos dias que fico com mais nostalgia de não estar em Portugal. É um dia muito importante para todos os portugueses. Foi o dia em que passou a ser proibido proibir.

Desci – e espero um dia voltar a fazê-lo – a Avenida da Liberdade de cravo encarnado ao peito inúmeras vezes. Cantado as canções revolucionárias e lembrando que a revolução acontece quando um homem quiser (e uma mulher também, não vá alguém chatear-me por causa das quotas). Lembro-me que antes do desfile ia, quase sempre com o meu amigo Tiago (Parabéns, Camarada!) à Mexicana, mesmo ao pé da minha futura ex-casa, beber um café de cravo ao peito para grande irritação da fauna habitual.

Recordo também que no desfile, quase sempre em dias cheios de sol, me emocionava, e graças aos óculos escuros essa emoção era sempre disfarçada. Chorei sempre como que a agradecer o que fizeram por mim e pelos da minha idade. Um dia, recordo, logo após a vitória de Guterres, que foi mais a derrota de Cavaco, uma senhora com a bandeira do Partido Comunista veio ter comigo (nessa altura eu militava na JS) e me deu dois beijos repenicados e dizendo: “Camarada dá cá dois beijos e força que a tua geração vai mudar isto”! Juro-vos que senti o peso do mundo nos ombros. Mas também me senti bem pelo passar de testemunho. E, qual Jorge Sampaio, chorei mais um pouco.


Mas, para muitos da minha geração que nasceu pouco antes ou depois do 25 de Abril, este é um dia feriado e nada mais. Para outros, os que leram e investigaram, ou foram educados pelos pais, comprovaram que Portugal deve muito aos homens que, fartos da estúpida guerra colonial onde reclamávamos uma terra que não era nossa, tiveram a coragem física e mental de enfrentar um regime que tão bem servia alguns dos portugueses.

32 anos passados e muito dos anos de ditadura está ainda no dna português, por isso recordar Abril, não só hoje, mas todos os dias, é um dever da nossa geração. Fascismo nunca mais! Mesmo que nos apareça de diferentes formas como aqueles vírus que evoluem. É necessário estar atento e agir sempre. A geração dos nossos pais fez o 25 de Abril, e nós o que temos feito?

Viva a Liberdade!
Viva o 25 de Abril!
Viva Portugal!

ps – Porque é que muita gente ligada à área do PSD e CDS não comemora o 25 de Abril?
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quinta-feira, 27 abril, 2006

Porque infelizmente a direita portuguesa é salazarista.

No outro dia ouvi um gajo aí com 25 anos a dizer que Portugal estava melhor economicamente em 1969 que agora, porque "tínhamos muito ouro no banco", e que "os retornados deviam ser indemnizados".

Escusado será dizer que ouviu logo. "O banco cheio de ouro e o povo a morrer à fome", "Deves ter familiares fascistas que te disseram isso", e "Se alguém tinha que indemnizar eram os Estados africanos e não Portugal".    

Posted by Blogger Pedro Sá

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