De socas nos pés

Dos Países Baixos para o mundo...

Opinar sem saber...


Mais um dos editorais deste ex-maoísta que sabe muito pouco sobre a Holanda e que gosta de opinar demasiado sobre o que não sabe….que estupidez de artigo! Se há países onde a tolerância é bem vincada é aqui na Holanda. Um país onde os mais ricos (que não são assim tão ricos como os ricos de Portugal) vivem nos mesmos bairros que os mais pobres sem existirem manifestações de desagrado por isso, um país onde mais raças se misturam ….por Amor de Deus. Mando daqui um convite ao Sr. JMF para vir dar uma volta comigo por Amesterdão. Eu mostro-lhe a falta de tolerância dos holandeses (pelo menos os de Amesterdão, do resto sei que a Holanda é diferente, tal como Lisboa é diferente das mentalidades de uma vila de Trás-Os-Montes) Bem, e se formos comparar com a intolerância social que existe em Portugal, tínhamos assunto suficiente para escrevermos a mais longa tese de Sociologia da história.


EDITORIAL DE JOSË MANUEL FERNANDES SOBRE A HOLANDA:

“Em 1620 um pequeno barco cruzou o Atlântico com um grupo de ingleses que fugiam das perseguições religiosas. Chamava-se Mayflower e a história dos que nele viajaram é um dos mitos fundadores do Novo Mundo – um Novo Mundo onde as convicções religiosas não fossem motivo de ostracismo, de perseguição ou de morte. Curiosamente, uma parte dos que viajaram nesse navio tinha antes procurado refúgio na Holanda, primeiro em Amesterdão, depois em Leiden. Fugiam – como agora foge Ayan Hirsi Ali. Vinham da Inglaterra, ela da Somália, e tal como ela passaram pela Holanda antes de procurar terras mais seguras no outro lado do grande oceano.
Talvez a passagem pela Holanda antes da escolha da América seja o único ponto de contacto entre os emigrantes do Mayflower e Hirsi Ali, mas a coincidência entre duas rotas de exílio e fuga à intolerância religiosa na Europa que terminam bem longe desta não deixa de ser perturbante. Sobretudo se pensarmos que a Holanda de hoje, como a do século XVII, passa por ser um dos lugares mais tolerantes, mais abertos, mais prontos para acolher o diferente – mas mesmo assim não suficientemente pronta para aceitar que se leve até ao limite a liberdade de pensar e agir. E de perturbar os intolerantes, como fazia Hirsi Ali relativamente aos muçulmanos cuja fé deixara de partilhar.
Contudo, esta coincidência pode ser menos coincidência, se nos lembrarmos que Anne Frank morreu porque alguém denunciou o seu esconderijo em Amesterdão – alguém que não queria correr riscos, como os vizinhos de Ali. E que a Holanda foi, de todos os países da Europa Ocidental, aquele de onde mais judeus foram deportados (78 por cento do total) durante a II Guerra Mundial.Mas recordemos o que se passou. Ayan Hirsi Ali nasceu somali, fugiu para a Europa, pediu refúgio na Holanda – mentindo, é certo, mas quem não mentiria na sua situaçãoe aos 22 anos? Aí se tornara notada e fora eleita deputada, aí conhecera o cineasta Theo Van Gogh, aí renunciara à suafé islâmica, aí se tornara uma das mais vibrantes vozes nadenúncia do islamismo radical, aí polarizara os ódios dos radicais, aí vivia sob protecção policial. Mas vivia.
Porém, o medo, a cobardia, continua a comandar muitas vidas. Os seus vizinhos não apreciavam a sua companhia, queixavam-se de que a sua presença diminuía o valor das suas propriedades, incomodava-os terem de esperar mais pelo elevador por causa das medidas de segurança. E se Hirsi Ali não conheceu a mesma sorte do seu amigo Theo, assassinado por um radical, nem do estranho Pim Fortuyn, assassinado por outro radical de uma outra teologia, acabaria a defender-se num tribunal e a ver este último dar razão aos seus vizinhos. Em nome de quê? Ironia das ironias: em nome da alegada violação dos “direitos humanos” destes, ameaçada com a sua proximidade. Fugida da Somália, era pois malquista na Holanda. Acabou assim por voar para Washington. Atravessou ela também o Atlântico.

Esta pequena mesquinhez, tão humana quanto torpe, esta gota de água que fez transbordar a taça já muito cheia de Hirsi Ali, mais este sinal de que mesmo na “pura” e “integradora” Holanda se está disposto baixar a guarda em relação à intolerância, este medo doentio de que se caia num dos “pecados” da actualidade – a “islamofobia” – é sintoma de rendição. Não se critica, não se diverge, não se fala: calando-nos talvez os sosseguemos, terão pensado muitos holandeses, que suspiraram de alívio quando a incómoda ex-deputada anunciou que ia para outro abrigo. Quando se cede no essencial, cede-se em tudo, pelo que Hirsi Ali tinha razão ao despedir-se: “O islamismo radical não é apenas contra mim, é contra todos. Ao terem logrado expulsar-me, os terroristas ganharam. A situação é agora mais perigosa para todos.”
In Público 18-Maio-2006

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quinta-feira, 18 maio, 2006

e parece que tu tambem não conheces o país onde agora vives... amesterdão não é Holanda!
e a tua amostragem tambem não deve ser vasta. Infelizmente estas situações acontecem não só aqui como em muitos outros sitios, não vale a pena ser hipócrita, de que se trata de um país de oportunidades e liberdade (o tempo das vacas gordas já lá vai). Sem duvida que tem muitas vantagens, balançando com outras desvantagens... Mas infelizmente certas situações ainda acontecem nos dia de hoje, em paises como os Países baixos...
um abraço de Groningen    

Posted by Anonymous Anónimo

sexta-feira, 19 maio, 2006

O artigo em si é interessante mas não posso deixar de manifestar a minha repúdia pela ausência de um conhecimento mais profundo da sociedade e raízes da Holanda, asism como do caso de Hirsi Ali. E assim JMF se enganou a si próprio, o que é lamentável..

1- "O Mayflower" nunca passou na Holanda, houve sim outro navio com católicos, o "Speedwell" que saiu de Delfthaven em direcção a Southhampton de encontro ao famoso "Mayflower". A Holanda [Provincias Unidas] esteve durante 80 anos e até 1648 em guerra com a Espanha. A razão era simples: a imposição exarcebada da inquisição dos espanhóis sobre os não católicos, e a vontade de independência deste país que permitiu atingir o século de ouro e dominar o Mundo. Se verificarmos que o Mayflower é de 1620, perceb-se que terá sido apenas um dos episódios desta guerra, que permitiu entre outros, o enfraquecimento da Espanha, com a derrota da "Armada Invencível", e no mesmo período a restauração da independência de Portugal

2 - A Holanda constitui é facto um dos países onde mais judeus foram deportados. Na realidade ainda se assinala o dia 4 de Maio em que TODO o país para relembrar durante dois minutos de silêncio os que morreram. A alta percentagem de deportações não sucede certamente pela falta de intolerância do povo holandês, mas sim pela eficiente máquina do estado que tinha inclusivé os dados da religião de cada cidadão. É essa razão que levou à ausência premetidada de Bilhete de Identidade desde o final da 2.ª Guerra Mundial até à bem pouco tempo... Quanto à tolerância sobre os judeus, julgo que Portugal é o último país a poder refrir-se a isso com orgulho, veja-se que os judeus portugueses emigraram precisamente para a Holanda na altura das perseguições de D.Manuel I (que tal uma visita à sinagoga portuguesa em Amesterdão?). Ou então referir que o AJAX é um clube originalmente judeu (da parte este de Amesterdão) em que um dos símbolos do claque é precisamente a estrela de David.

3 - Sobre o caso de Hirsi Ali, é importante que se tenha em conta o momento político actual na Holanda. O partido (VVD) de que faz parte é exactamente o mesmo do partido da ministra da "imigração", Rita Verdonk. Ora, sucede que esta última é candidata à liderança do partido nas eleições internas antecipadas.

4 - O facto de RV ter tido esta atitude perante Hirsi Ali é um reflexo da atitude prepotente que esta ministra tem tido face aos imigrantes na Holanda. Actualmente existem famílias que são separadas devido à sua situação ilegal, jogadores de futebol que vêem recusados os seus pedidos de naturalização, estudantes que estando de uma forma ilegal não puderam terminar o ensino secundário. Repugnante não é? A esta situação de desespero emocional os holandeses responderam com uma votação em massa no principal partido da oposição nas últimas eleições locais. Nunca o VVD tinha tido tão pouca votação... Portanto, cuidado quando se misturam políticas de governos, com a vontade e pensamentos de um povo (vejam-se os resultados de Santana Lopes ou Berlusconi e as posições tomadas pelos dois países nessa altura). As eleições de Fevereiro de 2007 prometem uma mudança mais que necessária!

5 - A notícia de que RV iria propôr a perda nacionalidade holandesa após ter conhecimento das irregularidades de Hirsi Ali provocou um debate de urgência no parlamento no dia a seguir. Acredite-se ou não, mas todos os partidos estiveram em oposição à atitude de RV. Mesmo no seu partido RV, só foi apoiada pelos deputados que a apoiam nas eleições internas do partido. E até no seu Governo sofreu um puxão de orelhas de todos pela sua atitude. Não confundir mais uma vez o povo holandês com atitudes insensatas.... O JMF não quer de certeza que eu confunda os pensamentos do povo português com as declarações de alguns ministros de Durão Barroso ou Santana Lopes pois não (ainda puxo pela Mariana Cascais a dizer que Portugal era um país oficialmente católico... enfim)

6 - A entrevista de HA e a seu demissão do parlamento ocorreu numa situação em que já estava programada a sua saída para Washington. Não vale portanto a pena pintar um quadro dramático tipo "Mayflower". Ela não saiu por causa desta situação e ponto.

7 - Os acontecimentos que se seguiram ao assassinato de Theo Van Gogh fizeram com que os serviços secretos holandeses tivessem que "guardar" Hirsi Alli numa base militar (sabe-se agora). O facto de depois deste terramoto social e reliogoso ela ter voltado para um apartamento como qualquer um, é pura irresponsabilidade do ministro da justiça. Este foi o mesmo que teve de se deslocar ao parlamento com RV para ouvir de todos os partidos a insatifistação perante esta realidade. Não me diga JMF que numa situação idêntica não se sentiria incomodado por ter HA como sua vizinha? Claro que se sentiria! Mas isso não quer dizer que seja xenófobo ou discrimine a sua vizinha pela sua origem!

7 - JMF garanto-lhe que neste país de tolerância e liberdades só se sente perda pelo facto de HA partir. A verdade é que a atitude de RV é uma vitória para os terroristas.

Não vale a pena especular mais sobre esta situação. Na realidade RV teve uma posição tão consistente ao ponto de nenhum partido a ter apoiado, terem sido apresentadas duas moções de censura e o próprio primeiro-ministro ter recusado apoiar a posição de RV. Agora a própria RV considera que "poderá repensar" a sua atitude.

Da minha parte só me resta desejar que HA volte num futuro bem próximo. Mesmo não simpatizando com o VVD, nem tão pouco votando em tal partido, é esse o meu desejo e certamente da maioria dos holandeses. Felizamente que a democracia funciona plenamente neste país e os processos de todos aqueles que cometeram terrorismo tenham sido julgados no máximo de um 8 meses - 1 ano. No final só peço que este Governo saia de vez para que se possa continuar a máxima: "Deus fez o mundo, os holandeses fizeram a Holanda"    

Posted by Anonymous Anónimo

sexta-feira, 19 maio, 2006

Caro Artur:

por muitos defeitos que JMF tenha no texto (e são muitos, muítissimo bem apontados), a história do Mayflower não é um deles. JMF disse que algumas das pessoas presentes no Mayflower passaram antes pela Holanda, não que o próprio navio o fez. Pouco interessa para a história, mas pelo menos demonstra que JMF aí foi rigoroso.

Leonor:
Amesterdão não é a Holanda, mas a Holanda é, geralmente, tolerante. Pelo menos pelo que dela conheço. Poderia ser mais? Sim, claro, mas qualquer país o poderia. Além disso, se por cada 100 pessoas, 2 ou 3 forem intolerantes, normalmente estas 2 ou 3 conseguem ser mais ruidosas que as outras 97 ou 98. É uma questão de som. E os holandeses são silenciosos. Ao choque respondem, em geral, com silêncio. Pessoalmente acho melhor política que o ruído. Pelo menos tem funcionado melhor.    

Posted by Blogger JSA

sábado, 20 maio, 2006

Sim, tens razão. Mas daí o JMF traçar uma analogia com a situação actual..... Sem comentários....    

Posted by Anonymous Anónimo

segunda-feira, 22 maio, 2006

Onde JMF quer chegar é simples: tal como os liberais de pacotilha que aí andam, quer fazer a apologia de todo o modo de pensamento e acção anglo-americano e condenar o europeu continental. E isso é o essencial do artigo.

Quanto ao resto, Rita Verdonk tem a coragem de fazer o que toda a gente devia fazer: tornar irrelevante o agrupamento familiar e proibir o acesso a qualquer serviço público de imigrantes ilegais - por alguma razão existem legalidade e ilegalidade !!!!

Não me venham chamar de desumano. E se chamarem, quero mais é que se lixe. Quem vai como ilegal sabe muito bem que não pode ter acesso a coisa nenhuma.
Escusado será dizer que dar emprego a imigrantes ilegais deveria constituir crime, em qualquer país do mundo.

E também não me venham chamar xenófobo. A questão é de puro e simples respeito pelas regras que existem. Ou então que venham - sempre é ser honesto e excluir qualquer hipocrisia - defender a inaceitável e irresponsável abertura total das fronteiras.    

Posted by Blogger Pedro Sá

segunda-feira, 22 maio, 2006

Não te chamamos xenofobo nem desumano, mas que és, és!

Ainda por cima estás a cair no mesmo erro de contradizer quem vive na Holanda, esses sim com verdadeiro conhecimento das coisas...    

Posted by Blogger Filipe Gil

terça-feira, 23 maio, 2006

Contradigo as vezes que forem precisas.

Porque estabelecer regras para depois elas não servirem de nada seja lá por que razão for é um disparate.

Se elas existem, devem obviamente ser cumpridas.    

Posted by Blogger Pedro Sá

terça-feira, 23 maio, 2006

Depois de levar tanta pancada, apenas um esclarecimento: criticar algo de grave que se passou na Holanda não implica considerar que Portugal é melhor. Pessoalmente penso que é muito pior. O que me preocupa mesmo é na Holanda, mas também em França, em Espanha, entre nós, num grau elevadíssimo na Polónia, e podia multiplicar exemplos, a liberdade de expressão estar a recuar numa Europa que durante grande parte do século XX se rendeu aos totalitarismos ou a diferentes matizes de autoritarismo.
Quanto à Holanda e à sua história, conheço-a razoavelmente para preferir muitos dos seus hábitos aos nossos. Mesmo assim será que ninguém se incomoda por Hirsin Ali ter de fugir ou viver reclusa? E que todos acham compreensível a posição dos vizinhos?
Muito mais poderia debater sobre o foi escrito, mas não me é possível agora.    

Posted by Anonymous Anónimo

quinta-feira, 03 maio, 2012

Não esperava mais    

Posted by Anonymous Gustavo Gouveia

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