De socas nos pés

Sou um reciclador nato! A minha vida resume-se a desistir das coisas que gosto, a recicla-las e tentar conquistá-las de volta. Se isto não fosse parvo e me tirasse tanta energia, diria que era um conquistador, mas eu acho que sou é mais um pedaço parvinho (mas só um pedaço!).

Foi assim quando deixei o Liceu Pedro Nunes para ir para o Camões. Passados 9 meses lá estava eu de volta ainda com mais pica e melhores notas e a amar aquilo que tinha deixado. De tal forma que na minha memória selectiva eu nunca andei no Camões, mas sempre no “meu” Pedro Nunes.

Foi também assim com a universidade. Entrei na Autónoma (UAL) com quase 100 por cento a Filosofia e passados alguns meses desisti. Ainda tentei ir para a Nova, e mesmo com boas notas, não consegui. Voltei à UAL no princípio do ano seguinte, e os dias que levaram que os senhores da Universidade decidissem se me podia candidatar novamente foram dos mais angustiantes da minha vida de então. Correu tudo bem, e não desisti até ter o canudo.

Foi assim com a militância no PS, escrevi uma carta zangada ao Guterres e desisti. Voltei no dia que Ferro Rodrigues tomou o lugar de secretário-geral. Actualmente, estou tão desligado do PS que nem me lembro se sou ou não militante, e quase que nem quero saber. Como diz o outro “é tudo uma cambada de chulos!!!” – mas tenho de tratar do assunto porque vou voltar ao jornalismo e acho incompatível ser-se jornalista e militante partidário.

Foi assim com o jornalismo. Faz agora 4 anos, no dia em que fomos eliminados pela Coreia do Sul que fechei as minhas gavetas da redacção Jornal de Negócios com a sensação de que nunca mais voltaria a fazer jornalismo na vida. Passados menos de 2 anos, queria muito voltar, e consegui..

Foi assim com também com Lisboa, e com Portugal. Tive a necessidade de sair, de ver as coisas de fora, de amar Lisboa e lhe dar o devido valor. De estar do lado de fora, de conhecer a minha outra paixão, a Holanda. Agora que vou voltar vou com a força toda para viver na segunda cidade mais bonita da Europa (continuo a achar Amesterdão mais bonita, sorry!)

E, juro-vos, estou a aprender a deixar de ser assim, a tentar analisar melhor as coisas, a perder tempo a pensar nelas, e a combater pelas coisas que realmente quero. Ainda não estou lá, mas sinto que está quase. Estarei a crescer? Espero que sim. Já é tempo! Sobretudo porque tenho que me deixar destas “cenas”, pois qualquer dia ainda me dou muito mal com esta maneira de viver. Qualquer dia poderei querer recuperar algo muito importante e já não o conseguir…

This entry was posted on sexta-feira, junho 23, 2006 at sexta-feira, junho 23, 2006. You can skip to the end and leave a response.