O homem do movimento constante
“Existia um homem recente que depois de ter dado guerra à sua vida, se sentiu vazio, perdido, sem achado. Revolucionou tanto que deu por si a desejar as coisas anteriores, mesmo aquelas com as quais não se sentia bem. Uma mera desculpa. Desejava atirar esses pensamentos ao mar, para que as correntes os levassem para longe. Mas eles regressavam quase sempre à mesma hora e nos mesmos locais. O homem tinha então ataques de pânico que lhe subiam pelas pernas e o deixava com o cérebro a tilintar.
Decidiu então que a mudança se combate com mais mudança, e tentou assim mudar mais uma vez, sabendo, no entanto, que a vida anterior, a vida de paz, seria apenas uma recordação, algo que sempre lá estaria à sua espera - naquele espaço que dobramos a memória - e que nunca mais seria possível de a atingir. Mesmo que a mesma corrente do mar trouxesse de novo algo muito parecido. O homem recente envelheceu e tornou-se um homem de mudança permanente, mesmo que pouco se movesse. Entretinha-se a fazer revoluções diárias na cabeça, pois a paz de espírito e a sua calma estavam perdidas para sempre, desde o momento em que escolheu a porta do destino errada”.
bem, bem.
Posted by Anónimoestamos a praticar a escrita?!
see you
cristina
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