De socas nos pés

Dos Países Baixos para o mundo...

Mantenho tudo!

domingo, outubro 31, 2004
O post anterior foi antes do fim do jogo. O Benfica, muito feliz, marcou no último minuto dos descontos. Com um lance de sorte.
Ainda bem! Mas tudo o que escrevi anteriormente sobre a equipa e o treinador, mantem-se!

Tudo!

Senhor Trapattoni, reforme-se!!!!

Quando podia ganhar ao último classificado da Liga Portuguesa, o Benfica entrega de mão beijada a liderança ao rival FC Porto. Incrível. Jogadores como João Pereira, Paulo Almeida não têm lugar na equipa. O treinador super defensivo, Trappatoni, devia sair da liderança da equipa. Os jogos ganham-se a marcar golos, não a defender....

Fora trappatoni, Fora luis filipe vieira, Fora josé Veita (as maiúsculas não estão mesmo de propósito)*

* Apesar da roubalheira que foi o jogo!

Obrigatório ler Sampaio, o Daniel!

sexta-feira, outubro 29, 2004
Leiam o que Daniel Sampaio escreveu em A Capital, indispensável não deixar de reflectir sobre o assunto.

Carta aberta à geração dos meus filhos

Meus Amigos:
Confio em vocês. Sou a favor do fosso intergeracional e adoro que os mais novos não concordem com os mais velhos. As sociedades avançam por rupturas, as famílias crescem emocionalmente quando se confrontam sem se afrontarem.
Cresci numa família democrática. Os meus pais estimulavam a discussão com os dois filhos e não se importavam de gastar horas a defender os seus pontos de vista. Foi assim que aos doze anos comecei a entender a democracia, quando o meu irmão, sete anos mais velho, me explicou Humberto Delgado.
Não quero recordar-vos Salazar e Caetano. Sei que isso está fora do nosso (meu e vosso) tempo. Apenas quero reivindicar uma coisa: os corajosos da minha geração fizeram o 25 de Abril de 1974 para que vocês, geração dos meus filhos, crescessem em liberdade. Quando digo a alguém da vossa idade que, há trinta anos, não se podia dizer tudo o que apetecia, quase não acreditam. Compreendo: viveram a poder exclamar o amor e a saudade, a ternura e a raiva. Quando queriam, puderam romper, sem medo, com tudo com que não concordavam.
É por isso que peço para estarem muito atentos. Não uso frases do passado, género «fascismo nunca mais» ou «a democracia está em perigo». Não é verdade, e são expressões que vos causam tédio. Quero apenas dizer-vos que, se não ousarem, falharão no essencial: deixarão de construir uma sociedade melhor para os vossos filhos (nesse aspecto, os «velhos» não falharam, vive-se hoje bem melhor do que na juventude dos meus pais).
Pois bem: vejam o «governo» da República. Portugal transformou-se no paraíso dos humoristas. Existem tantas graças sobre os nossos «governantes», que se atropelam nas cabeças dos criativos de humor. E se tantas vezes não sabemos se a «Sit Down Comedy» de Luís Filipe Borges, neste jornal, ou as páginas do Inimigo Público são notícias a brincar ou descrições realistas, a verdade é que nos assalta a certeza de que Portugal vai mal.
Nesta semana vi estudantes espancados e a levarem com gás, como era habitual no meu tempo, mas julgava impossível no vosso tempo; ouvi o director-geral das Prisões a propor a redução das visitas aos presos, para melhorar o problema da droga no sistema prisional; e indignei-me com o ministro da Presidência a falar dos limites à independência, a propósito da televisão pública.
Se deixarmos estes factos sem protesto, o risível «governo» que temos proporá mais: voltarão os jactos de tinta e mais prisões sobre estudantes; serão definitivamente proibidas as visitas aos presos, e o problema da droga no sistema será resolvido; os directores de programação das televisões e os directores de alguns jornais reportarão directamente ao ministro da tutela; o insucesso escolar acabará, graças a um despacho da prof. Maria do Carmo Seabra: todos os alunos com duas negativas no Natal serão automaticamente expulsos da escola. E o «governo» continuará a sorrir, centenas de conselheiros de imagem ajeitarão as gravatas dos ministros e o cabelo das ministras, todos dirão que tudo vai bem.
Sei que vocês não aguentarão mais. Ouço-vos em toda a parte, por enquanto em surdina, em breve até que a voz vos doa. E por isso vos peço: ajudem a derrubar este governo.
Pela verdade e dignidade da vossa geração. Para que, tal como os vossos pais quando contaram 1974, possam dizer aos vossos filhos: sabes, fizemos um segundo 25 de Abril, só com arte e coragem, e o governo foi--se embora.
Com toda a v(n)ossa força

Desilusão

terça-feira, outubro 26, 2004

Falando no seu politiquês habitual, dos consensos exacerbados entre esquerda e direita, ou entre o centro e coisa nenhuma, este senhor desilude mais uma vez. Por favor, alguém em Portugal tome a iniciativa de criar um partido de centro para enfiarmos lá estes novos burgueses tecnocratas.

Isto, só lido!

Estupendo!

quinta-feira, outubro 21, 2004


Hoje falei com um amigo com quem há muito não falava. Já estava com saudades.

O fenómeno

terça-feira, outubro 19, 2004



Sou daqueles que, feliz ou infelizmente, não gosto muito de seguir as "modas" literárias. Quando toda a gente começa a ler um livro que depois diz que é muito bom, arranjo logo duas desculpas para não o fazer: ou porque, provavelmente, é escrito com uma linguagem muito arcáica, ou é uma história demasiado previsível.

No entanto, são pensamentos rídiculos, nem o Harry Potter (que não li, esperei pelo filme), nem o "Equador" de Miguel Sousa Tavares estão mal-escritos, nem são estórias simplistas. Pelo contrário.

Mesmo reconhecendo o erro, a minha mania manteve-se. Quando apareceu "O Código Da Vinci", recusei-me a ler. Até ontem...

Ofereceram-me a versão em português, e da relutância inicial, passei a estar vicíado na leitura daquele livro. Em dois dias 200 páginas foram engolidas com o maior dos prazeres.

A história está muito bem fundada, o romance está bem escrito, e muito do que o autor escreveu faz pensar o mais comum dos mortais. As estórias que sempre ouvimos como lendas, são tornadas realidade (dentro da ficção do livro). Fantástico. Não percam, porque este é um fenómeno que merece.

p.s. - A vontade por tirar um mestrado em história de arte começa a ganhar mais e mais consistência.

Energia nuclear: sim ou não?

segunda-feira, outubro 18, 2004
Parece que a Energia Nuclear volta aos títulos dos jornais.
Até aqui na Holanda existem artigos que dizem que a energia nuclear parece estar de volta. Será? Será que vamos voltar atrás no tempo? Ou mais vale uma central nuclear do que petróleo carissimo?

Nós em Portugal temos a mania que somos um pa
ís livre de energia nuclear. E de facto somos, Acontece que em Espanha, mesmo junto à fronteira, existem uma série de centrais. E em caso de acidente, estariamos, possivelmente, estar tão expostos como os espanhóis. Será então mais fácil termos energia nuclear e tirar benefícios de, ou continuarmos a ser um país limpo de energia nuclear?

Ainda não percebi muito bem esta história...

A derrota não é de hoje

domingo, outubro 17, 2004


O Benfica não começou a perder hoje. O Benfica começou a perder desde que este senhor (na foto) ficou à frente do Benfica. Por aquilo que vi do Benfica deste ano, vamos ficar em 3º ou 4º. Espero bem que me engane...

É hoje! Força Benfica



O grande clássico é hoje. A nação benfiquista, espalhada pelos quatro cantos do mundo, espera que o Glorioso vença o FC Porto. Para que uma nova época comece no futebol português.

E já que aqui na Holanda, o Ajax só dá tristezas, perdeu por 3 bolas a 1, em casa, ontem com o Heerenveen (futuro adversário do Benfica para a Taça UEFA). Ao menos que um grande clube, branco e vermelho, me dê alegrias.

Viva o Benfica

Paula Rego em Serralves - a não perder!

quinta-feira, outubro 14, 2004






Paula Rego faz uma das suas maiores exposições de sempre. Logo em Serralves, logo em Portugal.
A exposição está patente de 15 de Outubro a 23 de Janeiro de 2005

Aqui, um bom site para ver sobre a pintora, mas em inglês.

Está então Serralves de parabéns por tê-lo conseguido
Não percam!


Maré de boas notícias



Ontem foram os 7-1 à Rússia, hoje esta notícia. Está a "render" ser Tuga!

excerto: "No último século, a população portuguesa cresceu em média 8,93 centímetros e a estatura média dos homens situa-se agora nos 172,13 centímetros - um aumento de 0,99 centímetros por década."



Para os mais curiosos hoje ando com a minha t-shirt retro da selecção nacional vestida. Para os holandeses verem como é importante o futebol para o nosso povo (também, já que eles aqui vivem também para o futebol)

Que orgulho! Viva Portugal


Que orgulho ser português.Que lindo o resultado. Somos mesmo originais. Trocámos os resultados, normalmente deveria ser uma goleada ao Liechenstein e um empate, ou vitória difícil com a Rússia. Mas não.

Ganhámos 7 -1 à Rússia.
Como dizia um take da agência france press: No sábado pusemos a Europa a rir com o resultado contra o Liechenstein. Hoje (quarta) pusemos a Rússia a chorar (e o resto da Europa a admirar).

Viva Portugal!

A outra descoberta...De Kooning

quarta-feira, outubro 13, 2004

Outro grande pintor holandês, para mim, mais intenso que Karel Appel. Este quadro, sem nome, de 1958, é fantástico.

Isto faz-me pensar na política portuguesa de apoio à cultura, neste caso à pintura. A riqueza de um povo e de uma nação também se faz pelos seus artistas. Temos Paula Rego (que em breve expõe em Serralves), e Vieira da Silva. Mas ambas tiveram que ir para fora do país para desenvolver a sua pintura?

Valha-nos os Croft's que vão aparecendo...

As verdades têm de ser ditas!

Finalmente alguém tem coragem de dizer na praça pública aquilo que muitos pensam e que está completamente próximo da verdade.

Viva os jornais sérios de Portugal!

Os Métodos e Os Avisos de Luís Delgado
Por LUCIANO ALVAREZ
Quarta-feira, 13 de Outubro de 2004


"Um vendedor de antenas parabólicas, que se acha crítico de televisão, e da Imprensa em geral, passou aos insultos pessoais. Diz tudo do seu carácter e estatura mental. Trate-se, ECT [Eduardo Cintra Torres, cronista do PÚBLICO]. Interne-se, num hospital psiquiátrico."

A frase é de Luís Delgado (numa crónica no "Diário Digital"), fiel seguidor de Pedro Santana Lopes, ainda presidente da agência Lusa e já nomeado para presidente executivo da Lusomundo Media ("Diário de Notícias", "Jornal de Notícias", "24 horas", "Tal & Qual", TSF e mais um grupo de jornais da imprensa regional). Eis o que pensa e como age um homem que se afirma jornalista e que há anos tem pena livre em vários órgãos de comunicação social sobre outro homem que faz o mesmo. "Interne-se, num hospital psiquiátrico". Talvez a memória falhe a Delgado, mais coisas deste género faziam-se na ex-URSS.

Marcelo Rebelo de Sousa, não foi internado em qualquer hospital psiquiátrico, mas foi silenciado depois de criticado por outro fiel serventuário do poder santanista. Delgado é ainda mais ambicioso.

E que não restem dúvidas, Delgado não está só a criticar Eduardo Cintra Torres, está a deixar um claro aviso intimidatório às direcções e chefias dos órgãos de comunicação social a que preside.

Aqui, no PÚBLICO, fica Luís Delgado e os que lhe dão ordens desde já a saber que têm azar. Estejam ao serviço de Santana ou de outro qualquer poder.

A noite dos museus de Amsterdam

Dia 6 de Novembro, os museus de Amsterdam vão estar de portas abertas até às 02:00.
Do stedilijk museum, à Anne Frank Huis, do Van Gogh Museum ao Jardim Zoológico, toda a cultura vai estar aberta ao público.

A entrada é paga (os holandeses não brincam com estas coisas) mas o divertimento é garantido.
Estou a pensar ir ao Van Gogh, passar pelo Stedelijk e acabar no Artis, o Jardim Zoológico da cidade.

Vejam o site em www.n8.nl
FG

Karel Appel - a descoberta



Agora, ando a descobrir mais sobre Karel Appel, pintor natural de Amsterdam (porque os nomes das cidades não deviam ter tradução. A minha Lisboa, nunca pode ser Lisbon ou Lissabon)

FG

Vermeer II



Este é o meu preferido.
FG

Vermeer



Hoje não me apetece falar de Portugal.

Estou em Delft e tenho que gozar esta vivência.E ando há dois dias a tentar saber a exacta localização de onde Vermeer se inspirou para fazer este quadro. Ainda não consegui perceber se é possível, ou se as construções da modernidade ou vão permitir

Devido ao facto de as tintas na altura deste pintor serem muito difíceis de produzir e de se manter funcionáveis, o pintor nunca pintava no exterior, mas sim dentro do seu ateliê. Para isso tinha que tirar notas, ou esboços, da paisagem.

Como neste quadro deve ter feito Vermeer.
FG

A selecção da tristeza

sábado, outubro 09, 2004
É sempre a mesma coisa para os mundiais. Lá vamos ter que sofrer pelas selecções de outros países.
Empatarmos com amadores!!!!. Eles, os vice-campeões da Europa!

Quando o futebol é a única coisa que anima os portugueses, é muito triste para todos os portugueses, emigrantes, tudo!

Senhores jogadores sejam patriotas, tenham amor à camisola! Porra! Nós sofremos por Portugal.


A tristeza II

sexta-feira, outubro 08, 2004
Como estou noutro país, estou a olhar para as coisas em Portugal com grande ansiedade. Para mim, e pelo que li, o que se está a passar cheira-me a ditadura. Calar um membro de outro partido, numa televisão privada? Onde é que já se viu?

No entanto, os portugueses têm má memória, ainda alguém se lembra do que aconteceu com Herman José, quando no seu programa de humor fez alguns pequenos momentos de humor sobre figuras nacionais?No tempo dos governos de Cavaco Silva? Só vem mostrar que, independente do PSD que está no Governo, é uma prática aceite pelos membros daquele partido.

Eles aqui, na Holanda, adoram a família real (juro que não consigo perceber porquê), mas fartam-se de brincar a dizer piadas. Alguém fecha um canal televisivo por isso? Claro que não, porque há liberdade de expressão.

Mas voltando ao assunto, sinto-me um pouco como os jovens portugueses dos anos sessenta que viam Portugal à distância, com muito menos informação, como um país parco em Liberdade.
Isso está a voltar a acontecer. E será que ninguém faz nada?

Povo da minha terra, toca a sair para as ruas, quem vos vendeu a ideia de que ir a manifs ou protestar é comuna, está muito errado!

Façam qualquer coisa pela liberdade do nosso país, porque, pelo que já vimos, o Presidente da República não existe!

Tristeza!

quinta-feira, outubro 07, 2004
Quão triste é ver o meu país tornar-se numa didatura disfarçada de democracia. Pelo que leio isso por esses lados começa a cheirar a salazarismo bafiento. Começo a temer pela liberdade dos meus compatriotas.

A culpa é de Jorge Sampaio e dos portugueses que votaram PSD!

Viva a República!

terça-feira, outubro 05, 2004
Daqui, desta terra monárquica, saúdo o meu povo republicano. Apesar da grande organizaçao que é a Holanda, ainda me faz espécie como podem ser monárquicos. Porque ainda dao dinheiro a um bando de monarquicos que nada faz senao acenar para o povo?

como dizia um cartaz aquando do casamento dos princípes: They play, you pay!

Assim, só me resta deixar um desejo de um dia os Países Baixos se tornarem republicanos. Viva a República, viva Portugal.

Viva o vermelho e verde! Fora o azul (esta é uma piada socrática!)

Os cancros do PS!

domingo, outubro 03, 2004
Gama e Coelho foram ontem actores e autores de uma excelente rábula de como se destrói um partido de esquerda e substitui-se por um partido de poder. Poder pelo poder.

Quem leu nos jornais, viu nas rádios e ouvi nas rádios viu o que estes homens querem fazer dentro do partido, e há naçao portuguesa.

Nem os maus exemplo de Blair e Schroder os fazem demover. Nem os bons exemplos de Aznar os fazem pensar.

Resta agora os portugueses decidirem entre a extrema direita, a direita que se diz de esquerda. Ou a esquerda verdadeira que tem de crescer para nao permitir governos maioritários.

O grande problema é que os portugueses votam sempre desesperados em alguma mudança.

Mas, resumindo, a vontade de entregar o cartao de militante está cada dia a crescer mais...

FG

Já passou 1 ano!

Foi há um ano, neste mesmo dia 03-10, que deixei o clube dos solteiros para passar a militar na equipa dos casados.

Há 1 ano, em Alenquer, quase 100 pessoas presenciaram uma cerimónia que elevou o amor dos noivos, e a grande amizade de todos os outros que estiveram presentes.
Depois veio a lua-de-mel. Brasil - Itacaré; e Amsterdao.

Um ano depois, estamos eu e ela, novamente na Holanda, mas agora a viver experiencia das nossas vidas, contada, quase todos os dias, aqui, neste blogue.

FG

Cartoon que vale por mil palavras

sábado, outubro 02, 2004
Um cartoon impressionante, e elucidativo, publicado no The Guardian . Merece uma vista de olhos.

FG

Entre Amigos (Portugal/Holanda)

sexta-feira, outubro 01, 2004
Um texto muito interessante do portugues Fernando Venancio, professor na Universidade de Amesterdao.


Entre amigos

Há pessoas por quem, antes mesmo de sermos apresentados, já sentimos afecto. De igual forma, pode estabelecer-se entre dois povos um fluido de real simpatia. É decerto o caso de portugueses e holandeses.
Uma pessoa poderá, sem grande esforço, enumerar as afinidades que ligam as duas nações. Os territórios, relativamente pequenos. As culturas, vivas mas crescidas à sombra de uma maior. O passado, de aventureiros do alto mar. Os povos, eles próprios, de poucas pretensões e trabalhadores. Será isso o suficiente para explicar o à-vontade que um holandês e um português experimentam ao primeiro contacto? Certezas não há, mas as coisas podem andar por aí.
Sempre, portugueses e holandeses, nos observámos, nos estudámos. Com distância, com admiração, com condescendência, com curiosidade. No século dezanove, Ramalho Ortigão veio aqui em autêntica viagem de estudo, percorreu o país de caderninho na mão, e escreveu A Holanda como quem deseja ensinar aos compatriotas a ser «país». Um país moderno, mas conservador. Um país ordeiro, mas a vender vitalidade.
No século vinte, a auscultação prosseguiu, alargou-se. Vários viajantes sondaram o país alheio, e contaram o que aí viram. Alguns fixaram-se mesmo nele. O poeta Slauerhoff, médico embarcadiço, andou por Portugal e decantou-o em poemas, dos mais célebres da literatura dos Países-Baixos. O diplomata Terborgh publicou as fortes impressões que Portugal lhe ofereceu, e aí ficou até ao fim da vida.
Hoje, são exemplos de observação crítica e lúcida J. Rentes de Carvalho, autor de Com os holandeses, retrato muito pouco meigo da sociedade holandesa, o que não impediu o livro de em língua neerlandesa multiplicar edições, e Gerrit Komrij, que na novela Um almoço de negócios em Sintra traçou uma imagem, também ela, impiedosa dos nossos costumes, e com algum êxito editorial. Entre amigos, a frontalidade é sempre compensada.
Os nossos contactos foram, cedo, razoavelmente intensos. Hoje parecerá incrível, mas ainda em 1985 as trocas comerciais entre Portugal e a Holanda eram superiores às que Portugal mantinha com a Espanha. De resto, o interesse dos holandeses pela democracia portuguesa tornou-se sensível a diversos níveis, desde o empenhamento do governo holandês na consolidação da liberdade, até aos largos investimentos de capitais de particulares, até às dezenas de jovens holandeses que foram dar à 'jovem democracia' um apoio desinteressado, concreto e sincero.
Outros contactos foram, ou são, particularmente sensíveis. Nos dias que se seguiram ao 25 de Abril, vários aviões da KLM transportaram, destinadas às ruas de Portugal, toneladas de cravos vermelhos. Era negócio, sim, mas um negócio que, por uma vez ímpar, foi transformar-se em poesia.
Nos dias de hoje, os milhares de pessoas que, diariamente, pisam o belíssimo calcetado do Dam, em Amsterdão, caminham, sem atenderem nisso, mas em boa verdade, sobre a rija pedra das montanhas portuguesas.
É isso: dois velhos amigos é assim que se tratam.

Parabéns Zapatero

Hoje Zapatero faz a Espanha avançar em mentalidade mais 20 anos. Agora, Portugal está atrasado uns 40 anos em relaçao aos nossos vizinhos.

Com a aprovacao do casamento de homossexuais, Zapatero cumpre um promessa e torna Espanha, a par da Holanda e da Bélgica, um dos países mais avançados nesta matéria.
Parabéns Zapatero!

E Portugal, quando será que isto poderá acontecer?
Nao me recordo o que pensa o novo lider do PS. Talvez um 'nem sim, nem nao', como é habito na personagem...
Enfim, e a vida....como disse o outro
FG